quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Alquimia Contemporânea - Dos laboratórios escuros às cozinhas gourmet

Existe uma palavra (e seu conseguinte sinônimo) que rege a cozinha: "transformar". É essa palavra sutil passa despercebida no cotidiano que faz a união entre a alquimia medieval a cozinha como a conhecemos.
Na realidade existem várias semelhanças entre as duas artes.
Antes de ser considerada sofisticada e sinônimo de celebração, a cozinha era localizada nos fundos da casa... Escura, esquecida, mal cuidada tal como os laboratórios nos quais velhos barbudos se enfiavam para descobrirem a miraculosa fórmula de transmutar metais comuns em ouro.
E digo que nós, cozinheiros, chefes, gastrônomos também corremos atrás desta mesma fórmula ao iniciarmos o estudo e pesquisa constante de transformar matérias primas singelas em pratos de elevado grau de sofisticação, sabor e beleza.

Os antigos alquimistas acreditavam que na natureza existem 4 elementos essenciais que são responsáveis pela criação de tudo o que existe; sendo eles: terra, ar, fogo e água.
Na cozinha também temos elementos essenciais (só não resumo em apenas 4): farinha, leite, ovos, sal, açúcar. Se olhar com atenção sempre haverá um ou mais destes elementos na composição de um prato.

É na cozinha que acontecem todas as transformações alquímicas. Nela que ingredientes sólidos e líquidos unem-se para transformarem-se em bolos, pães, tortas, mousses, assados, braseados, cremes...
É na cozinha que ocorre a alquimia humana, a transmutação de sentimentos ruins em euforia, prazer, merecimento, admiração, criação, contemplação, satisfação.

É na criação de um prato novo, de um sabor diferente, que o alquimista do século 21 transforma as metáforas do ouro e da pedra filosofal em conceitos reais que são imortalizados em mesas atemporais.

Lucas Paula

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